Municípios e empresas estão começando a entender a importância de investir em sustentabilidade.
O compromisso com o meio ambiente ainda é tímido por parte da população, como aponta o relatório de 2012 do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente. Os dados mostram que 2/3 da população não usavam o verso da folha de papel (65%) e não compravam produtos com material reciclável (71%). Pequenas atitudes, como fechar a torneira enquanto se escova os dentes, apagar lâmpadas em ambientes desocupados e desligar aparelhos eletrônicos, foram ignoradas pela maioria da população.
Vale:
tratamento de resíduos no núcleo urbano de Carajás.
Já as empresas
estão começando a correr atrás de resultados mais positivos. “Hoje, elas estão
mais preocupadas com o impacto que suas atividades causam ao meio ambiente. A
comunicação, como a elaboração de relatório de sustentabilidade, é uma
ferramenta que confere mais transparência às práticas adotadas”, afirma
Vinicius Cataldi, consultor desustentabilidade da Report Sustentabilidade,
agência de comunicação voltada para a área.
Pioneira na
produção de relatórios, a Natura, empresa de cosméticos,
por sua vez, investe tanto nos produtos que vende quanto na cadeia de produção.
Em associação com comunidades rurais espalhadas pelo País, a empresa promove o
manejo sustentável dos ativos envolvidos na produção da linha Ekos. Para o
consumidor final, estimula a compra de embalagens refis, que são feitas com o
chamado Plástico Verde, 100% reciclável e que emite menos carbono na confecção
do material se comparados com os demais.
Outras
práticas simples, como adotadas pela Braskem, por exemplo, também influenciam
positivamente o mercado. Em parceria com Plásticos Suzuki, a empresa destinou
as sobras da produção industrial para a confecção de bancos, lixeiras e
floreiras, que já foram instalados em espaços públicos de cidades como Paulínia
(SP) e Maceió (AL), e mantém programas de educação ambiental, manutenção de
parques e de uma estação ambiental no entorno da empresa.
Estes são só
alguns casos que ilustram algumas práticas que estão sendo adotadas
recentemente pelas empresas. “O que é resíduo para mim, pode ser matéria-prima
para outra pessoa”, afirma Mayura Okana, fundadora da B2Blue.com, plataforma
online que negocia e comercializa os resíduos gerados pelas empresas e
indústrias via B2B. “O óleo descartado pode ser usado para gerar energia em
outra empresa; tecidos que sobram da indústria têxtil podem ser reutilizados
como pano para limpar peças de empresas do setor automobilístico. Exemplos não
faltam para mostrar como resíduo pode ser reutilizado facilmente”, garante.
Os governos
municipais também estão começando a trabalhar
nesse sentido e, segundo o relatório divulgado esse ano pelo Carbon Disclosure
Project (CDP), organização internacional sem fins lucrativos que procura ajudar
empresas e cidades a medirem e gerenciar as informações sobre o meio ambiente,
a participação dos municípios brasileiros no relato de ações sustentáveis
cresceu mais de 265%.
Em Londrina,
por exemplo, a cidade lançou em 2011 o projeto “Cesta Verde”, programa em que a
população troca o lixo reciclável por alimentos
orgânicos. Em São Paulo, a rede Nossa São Paulo promove ações para estimular o
desenvolvimento sustentável e criou o Projeto Cidades Sustentáveis, a fim de
mobilizar os pré-candidatos à prefeitura adotarem medidas de desenvolvimento
sustentável e, após a eleição, prestar contas com base nos indicadores de
resultados.
É preciso
que população, empresas e governos municipais atentem às medidas sustentáveis,
pois o prazo para expirar a data limite de execução do Plano Nacional de
Resíduos Sólidos, que prevê entre as medidas o fechamento de lixões até 2014,
dando lugar à construção de aterros controlados ou aterros sanitários, está
acabando e ainda há um longo caminho a seguir.
A lei
aprovada em 2010 que desenvolveu o plano, a Política Nacional de Resíduos
Sólidos (Lei 12.305/2010), foi pensada e organizada de forma a contribuir para
o crescimento sustentável e o incentivo à reciclagem. Ainda de acordo com a
lei, municípios que não se adequarem às normas, serão enquadrados como crimes
ambientais.
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