quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Entrevista "A geografia está na moda" Com experiência de quinze anos no assunto, Paulo Roberto Fitz avalia os rumos do geoprocessamento no Brasil e a postura dos geógrafos na área



Paulo Roberto Fitz
 

Paulo Roberto Fitz, autor dos livros "Geoprocessamento sem complicação" e "Cartografia Básica", lançados pela Oficina de Textos, trabalha com geoprocessamento há quinze anos. É especializado em Geografia Ambiental e tem mestrado em Sensoriamento Remoto e doutorado em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental, todos pela UFGRS . Atualmente é professor adjunto, pesquisador e coordenador do curso de Geografia da Unilasalle - Centro Universitário La Salle. Nesta entrevista, Fitz fala sobre sua experiência na área, comenta o uso e o ensino do geoprocessamento no Brasil e alerta para as possibilidades que os profissionais de geografia podem estar perdendo.


 
Conhecimento Prático Geografia Considerando o tempo que você atua na área, como você avalia a evolução do geoprocessamento no Brasil?
Paulo Roberto Fitz Grosso modo, eu trabalho com geoprocessamento há 15 anos e nesse período é muito notável um avanço principalmente na parte de hardware e software. Naquela época não existia nada, eram pouquíssimos programas, e hoje temos uma infinidade, tanto de programas pagos quanto livres. Sem falar na facilidade maior dos próprios softwares, que hoje têm uma interatividade maior com o usuário. Antigamente as coisas eram mais difíceis.
Hoje os softwares são mais amigáveis e foram agregando outras ferramentas, como geoestatística, que antes era preciso ter um trabalho paralelo para fazer certas análises. Essa evolução vem desde a década de 1960, eu peguei apenas as últimas décadas. Outra coisa que mudou muito foi a aplicação: hoje em dia qualquer empresa pode, antes de um investimento em uma nova filial ou antes de decidir onde se estabelecer em termos comerciais, fazer uma pesquisa de mercado para ver se o local que escolheu é adequado. Ou seja, não só órgãos públicos passaram a usar essas ferramentas, as empresas privadas também descobriram que podem utilizá-la para aferir mais lucros. Para as empresas, isso é uma segurança.
Outra aplicação é a tecnologia de GPS : você anda com um SIG dentro do automóvel. Esses tipos de aplicações da tecnologia do geoprocessamento há dez anos eram sonho, pois tecnologicamente não era possível, a gente só imaginava. E está cada vez está crescendo mais.
CP Geografia Para você, qual é o vínculo entre o Sistema de Informações Geográficas (SIGs) e Geografia?
Paulo Roberto Fitz Quando eu era estudante de geografia, lá na década de 1980, por ter começado antes fazendo engenharia e depois ir fazer geografia, eu via na geografia a possibilidade de trabalhar algumas coisas mais interessantes em termos de aplicabilidade prática. E já se fazia alguma coisa desse tipo, como sobreposição de mapas, de transparências, fotointerpretação. Nada mais é que uma forma rudimentar de fazer geoprocessamento. Essas coisas todas eram trabalhadas em geografia e, a partir disso, se fazia análises, mas não existia a tecnologia, era tudo na base da caneta.
A tecnologia apenas acelerou esse processo e melhorou sua execução. Ela possibilitou fazer isso dentro do computador, e essas construções passaram a ser muito mais precisas e mais rápidas. A coisa nasce dentro do time de análise geográfica, sendo necessários para a análise todos os segmentos de conhecimento que se adquire dentro das disciplinas tradicionais do tronco da geografia.
O que eu vi e andei conversando com o pessoal dos outros países: eles pensam assim, veem a geografia como uma espécie de precursora de toda essa tecnologia, porque a geografia já fazia isso antes de todos esses softwares. Hoje ficou muito fácil para fazer geoprocessamento, e o pessoal das outras áreas começou a perceber esse crescimento tecnológico, a se apoderar dessas ferramentas. E nós, geógrafos, ficamos a ver navios, apesar de esse tipo de análise ter nascido da geografia. Mas, ainda hoje, o trabalho interpretativo de análise dos dados gerados por essa tecnologia tem que ser feito por um profissional, e o profissional mais adequado para isso é o geógrafo, pelo tipo de conhecimento que ele tem (ou deveria ter) no decorrer da universidade. Os EUA são os precursores da área de geoprocessamento e quem trabalha com isso lá são geógrafos, como na maior parte do mundo. Aqui no Brasil perdemos bastante espaço para outras profissões.
CP Geografia E você acha que os profissionais de geografia brasileiros estão preparados para atuar nesse campo?
Paulo Roberto Fitz Isso vai depender do curso com o qual o cara está vinculado. Tem muitos currículos de universidade que não disponibilizam quantidade suficiente de horas de ensino para o profissional atuar nessa área. Se faz necessário uma revisão geral de currículo, uma normatização do currículo de Geografia, e eu acho que acabamos perdendo espaço por nossa incompetência, por não tentar infringir a necessidade de se atualizar em relação a essa área.
A mesma coisa aconteceu junto ao MEC , que andou reformulando os parâmetros, colocou novas diretrizes curriculares para os cursos e deixou as coisas muito abertas. Não tem uma especificidade de disciplina, não tem direcionamento, cabe a cada universidade optar. No final das contas, temos 2.400 horas mínimas de geoprocessamento em geografia, mas são 3.600 em engenharia. Ou seja, temos dois terços do tempo de estudo da área em relação a um curso de engenharia, eles têm muito mais disciplinas de geoprocessamento. Acaba que o curso de geografia tem que concentrar muito suas ações em determinadas áreas e, como é um curso muito interdisciplinar e diversificado, você acaba tendo pouco tempo para certos segmentos, especialmente esses mais técnicos. Não dá para chutar para todos os lados, é preciso se focar os interesses.
Cada universidade vai ter que optar, porque, com 2.600 horas, você não consegue fazer milagre. Não é só ver o que o mercado está pedindo, mas ver também a potencialidade do profissional que você está se formando. Não dá para fugir da realidade.
CP Geografia Que tipo de preparação os profissionais que tiverem interesse nessa área, mas não tiverem a formação completa na faculdade, devem procurar?
Paulo Roberto Fitz Hoje em dia há muitos cursos nessa área: cursos de extensão, de pós-graduação, o profissional vai se adaptando ao curso ao procurar a especialização. Saber da importância da técnica é o primeiro passo, conhecer as ferramentas, saber operálas, ter ciência que é um produto vinculado a nossa área. Você não pode tentar trabalhar a geografia hoje em dia, principalmente a questão da análise mais técnica, sem o uso dessa tecnologia. É muito difícil fazer qualquer uso de análise sem passar por isso, o mínimo de conhecimento tem que ter. É preciso saber disso e ir atrás de conhecimento, fazer algum tipo de curso, estudar, ver o potencial da coisa.
CP Geografia Como o profissional da área deve se manter atualizado?
Paulo Roberto Fitz Isso é uma coisa difícil, eu digo por mim. Você tem que correr atrás. O profissional que for trabalhar especificamente com isso vai ter que fazer cursos, ficar atento ao que está surgindo na sua área atuação. Também há muitos softwares livres, uma dica é ficar atento às novidades dessa área. Isso não significa ir atrás de tudo o que for lançado. Eu tenho aquela velha premissa de que o melhor software é aquele que você sabe usar. Não adianta perder tempo e dinheiro com novidades, você tem que saber o que está fazendo e qual é seu potencial. Mas o profissional dessa área não pode parar, a tecnologia avança muito rápido.
CP Geografia Quais técnicas são necessárias para o profissional de geografia ter a compreensão do geoprocessamento?
Paulo Roberto Fitz Tem que ter uma base boa na área da cartografia e na área de sensoriamento remoto e estatística. No mais, o uso da técnica em si vai depender das disciplinas do próprio curso, você vai ter que ter um bom conhecimento dos conteúdos gerais da geografia. A tecnologia não é só ficar empilhando informações de mapa, existe um estudo para entender o que está acontecendo naquela área. Para o embasamento dessas análises sistêmicas, as disciplinas do tronco da geografia são fundamentais. Ter conhecimento na área de informática seria interessante, mas não essencial.
CP Geografia Que tipos de avanços o geoprocessamento tem trazido no desenvolvimento de pesquisas no campo da geografia?
Paulo Roberto Fitz Tem afetado tudo. Eu já fiz trabalhos em bacias hidrográficas, por exemplo, com a análise de vazão de rios de uma bacia, o uso possível dessa bacia ou de uma área. Isso pode ser em qualquer escala: numa região, num estado, num país. Você pode fazer zoneamento ecológico, econômico, agrícola, pode ajudar muito em termos de planejamento e gestão: se você quer ver se uma área é correta para a plantação de uma determinada espécie, é possível colher todos os dados relativos a esse tipo de cultivo, gerar mapas intermediários dizendo que a área tem uma parte do solo bom para aquele tipo de cultivo. Isso é só um plano de informação. Tem outro plano que vai dizer a declividade da região... Você vai reunir diversos planos de informação e vai gerar um produto final com as possibilidades daquela área. E isso serviria para área urbana, para o chamado geomarketing. Essas ferramentas possibilitam uma resposta do mapeamento gráfico exato do que é melhor para determinada região.
CP Geografia Exista quem veja o geoprocessamento como uma ruptura com a geografia e há quem veja como a abertura de um novo campo. O que você acha dessas duas visões?
Paulo Roberto Fitz A ideia seria que, por volta do século XIX, houve uma ruptura entre geografia e cartografia, tanto que em Portugal ainda existe o curso de engenharia geográfica, voltado para cartografia. Sempre existiu uma dicotomia entre geografia física e humana e, naquela época, houve essa sepa-ração da geografia mais técnica e de análise. Houve uma primeira ruptura e agora, com o geoprocessamento, cria-se a discussão de uma segunda ruptura. Como o geoprocessamento nasce dentro da geografia e como muitos geógrafos brasileiros não estão conseguindo absorvê-lo - porque eles teriam que se reciclar -, essa visão é repassada. Inclusive em congressos da área, em que o geoprocessamento é um apêndice, enquanto as partes de humana estão sempre cheias.
Os geógrafos mais tradicionais não estão interessados em absorver essa tecnologia, e, como a geografia é uma área interdisciplinar, há uma tendência de falar em separação, na construção de uma nova ciência, as Ciências da Geoinformação ou Ciência da Informação Geográfica.
Por outro lado, essa tecnologia permite a agregação dos conceitos humanos da geografia com os conceitos físicos, é possível trabalhar a geografia crítica com o geoprocessamento, estudando a expansão de favelas, por exemplo, com o uso de tecnologia. Há uma possibilidade de agregação, de usar técnica para trabalhar análise crítica. Há uma técnica e há uma análise geográfica. Por que não juntar as duas coisas?
CP Geografia E o que impede que isso aconteça?
Paulo Roberto Fitz O problema são os cursos, e o MEC reduzir a carga horária foi um tiro no pé, uma visão errada, mercadológica, que acabou prejudicando sobremaneira qualquer intenção de realmente se fazer ciência nesse País. O curso não consegue dar uma análise mais profunda, você vai ter que procurar por conta própria. O geoprocessamento em muitas universidades acabou não se fixando como uma técnica vinculada à geografia. Minha vontade é ver uma aproximação, de criação dentro da geografia de uma visão tecnológica da geografia, ensinando a aplicar o conhecimento da universidade para a produção geográfica.
CP Geografia Você acha que o geoprocessamento alterou de alguma forma o conceito de espaço geográfico?
Paulo Roberto Fitz Em certo aspecto, sim, porque a noção foi ampliada. O companheiro do geógrafo sempre foi o mapa, mas hoje em dia passou a ser o computador. Você tem uma flexibilidade muito maior para os trabalhos, você vai ter muito mais informação para pensar o seu espaço geográfico.
Nesse sentido, o conceito em si não mudou, mas mudou a utilização. Há muito mais possibilidades do que antigamente, você antes se fixava muito em análise, agora tem uma infinidade de informação. Sua análise vai ficar muito mais rica e com possibilidades muito maiores por conta de toda a tecnologia desenvolvida ao longo desse tempo, não só no geoprocessamento. A aplicação está vinculada diretamente à tecnologia.
CP Geografia Você acha possível incluir o geoprocessamento já no ensino básico de geografia?
Paulo Roberto Fitz Sim, não com refinamento, mas como um conhecimento prévio. Já está sendo usado - alguns colegas que trabalham sensoriamento remoto usam linguagem de satélite, ferramentas como Google Earth e Google Maps, o que já é o uso de geoprocessamento. E essa tecnologia deve ser cada vez mais usada mesmo, é uma forma de o jovem se interessar pela ciência da geografia, que está muito carente hoje no Brasil.
CP Geografia O geoprocessamento também ampliou o campo de atuação da geografia, como, por exemplo, a ascensão do marketing geográfico. Você acredita que ele pode se refletir para o profissional de geografia na expansão do mercado de trabalho?
Paulo Roberto Fitz Certamente. Há muitos universitários que conseguem estágios nessa área, as empresas no geral têm procurado estagiários de geografia, porque engenheiros não têm cartografia, não lidam com isso, a não ser quem tenham feito um curso de extensão. Está começando a ocorrer uma procura interessante para o profissional com essa técnica, o geoprocessamento abriu bastante o campo para o geógrafo.
CP Geografia Como está o avanço do geoprocessamento no Brasil tanto em termos de uso quanto de produção de estudos e material acadêmico?
Paulo Roberto Fitz Eu vejo um avanço bastante rápido. Há 15 anos quase não existia nada, hoje em dia qualquer universidade vinculada a geografia pelo menos tem um laboratório, um núcleo que trabalhe com geoprocessamento. Qualquer empresa que trabalhe com consultora ambiental em geral tem uma ferramenta que faça algum uso, nem que seja apenas um mapa, para trabalhar com esse tipo de coisa. Nesses últimos anos, o campo de atuação do geoprocessamento aumentou muito, basta ver o próprio uso dentro do automóvel.
CP Geografia Você acha que o geoprocessamento pode ir além da cartografia?
Paulo Roberto Fitz Sim, muito além da cartografia. Todas essas análises geográficas necessárias ao geoprocessamento a cartografia não faz. A principal figura do geoprocessamento ainda é a do geógrafo, que consegue aglutinar as informações de maneira mais próxima do que se deseja, fazer uma análise espacial. O papel fundamental da cartografia é na parte técnica e específica da coisa, mas a análise e toda a parte de interpretação e o desenvolvimento para se poder concluir alguma coisa, extrair informações, interpretar, é o geógrafo quem faz.
CP Geografia Houve uma massificação do geoprocessamento com o acesso a ferramentas como o Google Earth, o Google Maps e o Wikimapia. O que você acha disso?
Paulo Roberto Fitz Eu acho ótimo, com bons olhos. A geografia está na moda. Esse tipo de massificação é boa nesse sentido, a tecnologia está à disposição de todo mundo. Não só para isso, mas para tudo, todas as áreas usufruem dessa tecnologia. Está à disposição de todos, mas é para o uso leigo - tem algumas coisas que você consegue extrair boas informações, dá para fazer um trabalho sério com o Google Earth, você pode fazer dele um serviço bastante preciso e técnico, mas o leigo vai usar como leigo.
É uma forma de divulgação e é importante para o professor de ensino médio, que pode usar para fazer propaganda. Mas não pode encerrar ali. Essa é a grande dificuldade que a geografia tem, as pessoas acham que a geografia se encerra no ensino médio e mais nada. Ninguém enxerga a geografia como algo que vá além daquilo, o estudante acha que não tem mais o que aprender. É um problema por outro lado vinculado a essas tecnologias. É preciso deixar claro que o uso e o conteúdo não acabam ali, é tarefa do educador mostrar o que pode fazer a partir desse ponto.
CP Geografia Que softwares de geoprocessamento você recomenda?
Paulo Roberto Fitz Hoje em dia são três principais: o SPRING , que é gratuito, em português, tem tutorial em português e tudo mais. O IDRISI , que é o mais amigável de todos e tem licença para estudantes, o que diminui o custo, tem suporte para o Brasil e faz tudo. E tem o ArcGIS , que é profissional, vai por um caminho mais de empresa, de investir profissionalmente. Esses são os três básicos.


"Essa é a grande dificuldade que a geografia tem, as pessoas acham que a geografia se encerra no ensino médio e mais nada. Ninguém enxerga a geografia como algo que vá além daquilo, o estudante acha que não tem mais o que aprender. É um problema por outro lado vinculado a essas tecnologias. É preciso deixar claro que o uso e o conteúdo não acabam ali, é tarefa do educador mostrar o que pode fazer a partir desse ponto."
Paulo Roberto Fitz

Entrevista fonte:
http://geografia.uol.com.br/geografia/mapas-demografia/24/artigo181157-1.asp
Outras fontes :
http://www.geodireito.com/?p=5602

sábado, 15 de setembro de 2012

Raios UV causam mudanças climáticas




Meteorologistas do Reino Unido perceberam que a temperatura em certas partes do mundo tem mudado sem causa aparente. São pontos do planeta, incluindo a própria Inglaterra, onde está fazendo um frio anormal nos invernos, e os cientistas garantem que isso não tem nada a ver com o aquecimento global. A origem, segundo o departamento de meteorologia britânico, está em um fator até então ignorado: a radiação ultravioleta.
Os cientistas afirmam que esse é o tipo de influência climática “independente”: o modo como os raios UV alteram a temperatura de certos lugares não depende de nenhum outro fator. Da mesma maneira, nenhuma condição ambiental determina a ação dos raios UV nesse quesito.

Além disso, não é um efeito estático no planeta; é como uma corrente em movimento, o que explica o fato de não haver nenhum padrão na zona de alteração do clima. Nos últimos anos, o inverno foi anormalmente rigoroso na Grã-Bretanha, no norte da Europa e em algumas partes dos Estados Unidos. Por outro lado, foi muito mais ameno no Mar Mediterrâneo, que fica mais próximo da Linha do Equador, mas também no Canadá e na Groenlândia, onde o frio deveria ser ainda maior.

Mas só recentemente os cientistas conseguem explicar porque os raios UV influenciam no clima. O que acontece, em linhas gerais, é que a radiação ultravioleta que o sol emite aumenta e diminui de intensidade conforme um ciclo de onze anos de duração (no começo do ciclo ela está no ponto máximo, decai até certo patamar e sobe novamente, até alcançar o mesmo pico onze anos depois).

A radiação UV, como se aprende na escola, é absorvida já na estratosfera (que fica acima da atmosfera), graças à camada de ozônio. Os buracos desta, aliás, representam uma das principais preocupações dos ambientalistas no século XXI. Quando a radiação UV está no período de baixa intensidade, conforme o ciclo de onze anos, a estratosfera absorve menos, e fica mais fria dessa maneira.

Com a estratosfera mais fria, altera-se a circulação de ar na região. Esse efeito passa então para a atmosfera, onde muda a velocidade do vento. As correntes de ar, essas sim, desempenham um papel direto no clima global. Nesse caso, há menos vento migrando de oeste para leste na Terra, o que deixa o norte da Europa mais frio. Logo, existe uma influência indireta (mas considerável) dos raios UV sobre o clima.

Esse esquema, como explicam os cientistas, é apenas uma teoria, mas dotada de uma forte fundamentação. Os estudos foram munidos de dados do satélite SORCE, lançado pela NASA em 2003. O artefato espacial se dedica a pesquisar o ciclo de onze anos da radiação UV sobre a estratosfera, e a pesquisa aconteceu a partir dessas observações.

Assumindo que a teoria esteja correta, a intensidade da radiação UV está em seu menor ponto nesse momento. A tendência é que ela cresça a partir de agora, e que os invernos nessas áreas fiquem mais amenos. Mas isso pode não acontecer, como explicam os cientistas, porque existem muitas outras variáveis em jogo.

Sobre a imagem:

A imagem acima mostra os índices de radiação UV em tempo real no Brasil.

O índice UV é um padrão internacional de medida criado para determinar o nível de radiação ultravioleta (UV) do sol em um determinado local em um determinado dia.

Sua principal finalidade é ajudar as pessoas a se protegerem de forma eficaz contra a exposição a radiação ultravioleta, que pode após uma exposição excessiva causar queimaduras graves, lesões oculares, envelhecimento da pele e câncer.

O que é Radiação Ultravioleta (UV)?

A radiação ultravioleta (UV) é a radiação eletromagnética ou os raios ultravioleta com um comprimento de onda menor que a da luz visível e maior que a dos raios X, de 380 nm a 1 nm. O nome significa mais alta que (além do) violeta (do latim ultra), pelo fato que o violeta é a cor visível com comprimento de onda mais curto e maior frequência.

A radiação UV pode ser subdividida em UV próximo (comprimento de onda de 380 até 200 nm - mais próximo da luz visível), UV distante (de 200 até 10 nm) e UV extremo (de 1 a 31 nm).

No que se refere aos efeitos à saúde humana e ao meio ambiente, classifica-se como UVA (400 – 320 nm, também chamada de "luz negra" ou onda longa), UVB (320–280 nm, também chamada de onda média) e UVC (280 - 100 nm, também chamada de UV curta ou "germicida"). A maior parte da radiação UV emitida pelo sol é absorvida pela atmosfera terrestre. A quase totalidade (99%) dos raios ultravioleta que efetivamente chegam a superfície da Terra são do tipo UV-A. A radiação UV-B é parcialmente absorvida pelo ozônio da atmosfera e sua parcela que chega à Terra é responsável por danos à pele. Já a radiação UV-C é totalmente absorvida pelo oxigênio e o ozônio da atmosfera.

Como utilizar o índice?

Confira abaixo os índices , seu grau de intensidade e recomendações para proteção:



BAIXO (até 2) : Nenhum perigo para a maioria das pessoas.

Utilize óculos de sol em dias claros, recomenda-se o uso de protector solar se você tiver a pele muito clara.

MODERADO (de 3 a 5): Pequeno risco de queimadura se exposição ao sol sem proteção.

Utilize óculos de sol e filtro solar FPS 30 +, cobrir o corpo com roupas e um chapéu, e procurar uma sombra ao meio-dia quando o sol é mais intenso.

ALTO (de 6 a 7): Alto risco de queimadura se exposição ao sol sem proteção.

Utilize óculos de sol e filtro solar FPS 30 +, cobrir o corpo com roupas que protegem do sol e um chapéu de abas largas, e reduzir o tempo no sol de duas horas antes e três horas após o meio dia solar (cerca de 11:00 - 16:00 durante o verão nas zonas que utilizam o horário de verão).

MUITO ALTO (de 8 a 10): Altíssimo risco de queimadura se exposição ao sol sem proteção.

Utilize filtro solar FPS 30 +, uma camisa, óculos escuros e um chapéu. Não ficar no sol por muito tempo.

EXTREMO (acima de 11 ): Risco extremo de queimadura, a exposição ao sol sem proteção se torna extremamente perigosa..

Tomar todas as precauções, incluindo: utilize óculos de sol e filtro solar FPS 30 +, cobrir o corpo com uma camisa de manga comprida e calças, usar um chapéu muito amplo, e evitar o sol de duas horas antes e três horas após o meio dia solar. (cerca de 11:00 - 16:00 durante o verão nas zonas que utilizam ohorário de verão).

Fontes:

Francis Rouessac and Annick Rouessac; Chemical Analysis, Modern Instrumentation Methods and Techniques; John Wiley & Sons, 2000, p189.

http://www.monitorglobal.com.br/monitor+climatico/uv+brasil.html

http://www.epa.gov/aging/resources/factsheets/heour/heour_portuguese_100-F-10-011.pdf

http://www.bbc.co.uk/news/science-environment-15199065

http://hypescience.com/raios-uv-causam-mudancas-climaticas-%E2%80%9Cpor-conta-propria%E2%80%9D/

http://tudolevaapericia.blogspot.com.br/2011/01/inverno-rigoroso-na-europa-tem-relacao.html




terça-feira, 11 de setembro de 2012

11 de setembro: Dia Nacional do Cerrado



O Brasil alcança mais um 11 de setembro, data nacional dedicada ao Cerrado. Entre repetidas promessas de um modelo de desenvolvimento sustentável, essa região estratégica para o futuro do país tem sua vegetação nativa diariamente consumida, ora pelo desmatamento, ora pelas queimadas.

Só não mudam os motivos: ampla margem legal para desflorestamento (80% das propriedades rurais), extração ilegal de madeira e de carvão, avanço desregrado da agropecuária, da urbanização e da geração de energia.

Apesar das agressões impostas ao longo de cinco décadas, a “caixa d'água do Brasil” ainda abastece grandes aqüíferos e bacias hidrográficas, inclusive para a Amazônia e Mata Atlântica. Associando essa riqueza à tecnologia, 40% do Cerrado estão ocupados pela agropecuária. Ao todo, já perdeu metade da vegetação original, e o restante está muito fragmentado.

Complicando o futuro dessa região bela e inspiradora de culturas ímpares, menos de 3% do Cerrado estão protegidos de fato. Logo, o Brasil pode e deve equilibrar de vez a balança entre produção e conservação, construindo um caminho mais seguro para um futuro de incertezas climáticas, onde ainda precisaremos produzir alimentos e commodities. (WWF)

O Cerrado

É a segunda maior formação vegetal brasileira. Estendia-se originalmente por uma área de 2 milhões de km², abrangendo dez estados do Brasil Central. Hoje, restam apenas 20% desse total.Típico de regiões tropicais, o cerrado apresenta duas estações bem marcadas: inverno seco e verão chuvoso. Com solo de savana tropical, deficiente em nutrientes e rico em ferro e alumínio, abriga plantas de aparência seca, entre arbustos esparsos e gramíneas, e o cerradão, um tipo mais denso de vegetação, de formação florestal. A presença de três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata) na região favorece sua biodiversidade.

Estima-se que 10 mil espécies de vegetais, 837 de aves e 161 de mamíferos vivam ali. Essa riqueza biológica, porém, é seriamente afetada pela caça e pelo comércio ilegal. O cerrado é o sistema ambiental brasileiro que mais sofreu alteração com a ocupação humana. Atualmente, vivem ali cerca de 20 milhões de pessoas. Essa população é majoritariamente urbana e enfrenta problemas como desemprego, falta de habitação e poluição, entre outros. A atividade garimpeira, por exemplo, intensa na região, contaminou os rios de mercúrio e contribuiu para seu assoreamento. A mineração favoreceu o desgaste e a erosão dos solos. Na economia, também se destaca a agricultura mecanizada de soja, milho e algodão, que começa a se expandir principalmente a partir da década de 80. Nos últimos 30 anos, a pecuária extensiva, as monoculturas e a abertura de estradas destruíram boa parte do cerrado. Hoje, menos de 2% está protegido em parques ou reservas.

Pequenas árvores de troncos torcidos e recurvados e de folhas grossas, esparsas em meio a uma vegetação rala e rasteira, misturando-se, às vezes, com campos limpos ou matas de árvores não muito altas – esses são os Cerrados, uma extensa área de cerca de 200 milhões de hectares, equivalente, em tamanho, a toda a Europa Ocidental. A paisagem é agressiva, e por isso, durante muito tempo, foi considerada uma área perdida para a economia do país.

Os Cerrados apresentam relevos variados, embora predominem os amplos planaltos. Metade do Cerrado situa-se entre 300 e 600m acima do nível do mar, e apenas 5,5% atingem uma altitude acima de 900m. Em pelo menos 2/3 da região o inverno é demarcado por um período de seca que prolonga-se por cinco a seis meses. Seu solo esconde um grande manancial de água, que alimenta seus rios.

Entre as espécies vegetais que caracterizam o Cerrado estão o barbatimão, o pau-santo, a gabiroba, o pequizeiro, o araçá, a sucupira, o pau-terra, a catuaba e o indaiá. Debaixo dessas árvores crescem diferentes tipos de capim, como o capim-flecha, que pode atingir uma altura de 2,5m. Onde corre um rio ou córrego, encontram-se as matas ciliares, ou matas de galeria, que são densas florestas estreitas, de árvores maiores, que margeiam os cursos d’água. Nos brejos, próximos às nascentes de água, o buriti domina a paisagem e forma as veredas de buriti.

Vereda (foto Wadson de A. Miranda)
Fontes:
http://www.wwf.org.br/natureza_brasileira/areas_prioritarias/cerrado/diadocerrado/
http://www.portalbrasil.net/cerrado.htm

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Hortas Urbanas Geram Renda para Famílias Carentes

Você conhece a cidade de Sete Lagoas em Minas Gerais? Mas pra quem não conhece, Sete Lagoas é uma cidade que fica a 65 km de BH e que tem se destacado no cenário estadual por estar recebendo muitas empresas.

O projeto da horta urbana desenvolvida nessa cidade visa atender as famílias carentes, sendo cultiva no canteiro centra de uma avenida. Em uma área de servidão da Cemig, debaixo das linhas de transmissão de energia, espaço urbano normalmente tomado por lixo e entulho, a prefeitura construiu uma gigantesca horta comunitária.

Como funciona?

   

O pontapé do projeto em Sete Lagoas foi dado em 1982, com a criação de uma horta no bairro Manoa, numa parceria entre a Prefeitura Municipal, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e o Programa Estadual de Alimentação Escolar. Inicialmente, 35 famílias integraram o projeto. Obedecendo a normas que primam pelo desenvolvimento sustentável, a produção garante alimentos com segurança alimentar a famílias de baixa renda, que têm na atividade uma fonte de renda fundamental.

Atualmente, o projeto das hortas urbanas já faz parte dos programas de urbanização da Prefeitura. Nos bairros criados em substituição às ocupações em área de risco, já são destinadas glebas para as famílias que quiserem criar suas hortas. Bairros de áreas periféricas, como Montreal, Canadá ou Barreiro já foram beneficiados. Neste último, 12 famílias participam do projeto e ainda há espaço para pelo menos mais 20 famílias. O bairro Jardim dos Pequis, que substituirá com 240 casas a área conhecida como “Iraque/Kuwait”, será o próximo a reservar espaço para as hortas.

Para ser admitida no projeto, a família passa por uma avaliação, que inclui entrevista com assistente social, emissão de laudo para a Prefeitura e para a Associação de Produtores da Horta Comunitária escolhida. Após aprovação – a família não pode ter outra fonte de renda, a princípio -, cada família recebe uma área de 360 metros quadrados. A Prefeitura disponibiliza o cercamento da área, água tratada com reservatório, sementes para a primeira produção e transporte para as feiras livres. Podem ser plantadas quaisquer hortaliças, normalmente são mais de 20 espécies.

Há, no entanto, alguns obstáculos. A produção de Sete Lagoas já excede a demanda do município. De cada 16 canteiros que compõem a área de um horta, uma é destinada ao abastecimento da merenda escolar. O restante pode ser comercializado pela família livremente. Com um volume grande de hortaliças produzidas – no ano passado foram 30 toneladas -, os produtores enfrentam agora o desafio de buscar novos mercados. Para a extensionista Érika, as famílias têm usado a criatividade. Um deles é o fornecimento da produção para centros como Belo Horizonte ou mesmo estabelecer contratos com restaurantes. “É um projeto que só tende a crescer. Com o enquadramento no Programa da Agricultura Familiar, ninguém nos segura. Precisamos apenas resolver a logística do negócio”, conclui.

Produtos orgânicos de qualidade e baixo custo


As famílias recebem orientação para evitar o uso de fertilizantes químicos, e não utilizar agrotóxicos, produzindo de maneira ecológica. Na horta, em vez de os inseticidas e fungicidas tradicionais, são utilizados esterco animal curtido, calda sulfocálcica, calda de folhas de tomateiro, armadilhas luminosas, controle biológico e outras técnicas de produção orgânica. Resultado: produtos orgânicos de excelente qualidade e a baixo custo.

Seguindo o exemplo!

E o exemplo já está sendo seguido em diversos municípios do Estado, como Betim, Santa Luzia, Neves, Contagem, Uberlândia etc. O trabalho, divulgado ao longo dos anos, já rendeu vários prêmios à Prefeitura de Sete Lagoas. O relato da experiência, com foco na produção e abastecimento, foi selecionado entre outros 150 para apresentação no 5º Congresso Pan-Americano de Incentivo ao Consumo de Hortaliças e Frutas para Promoção da Saúde realizado em 2009.

Os programas de Minas e de Sete Lagoas relacionados à extensão agropecuária (Emater), pesquisas (Embrapa) e de produção de sementes (Epamig) foram selecionados pelo governo brasileiro para servir de modelo a profissionais bolivianos. Uma comitiva da Bolívia, coordenados por servidores da Emater e pelo engenheiro agrônomo, Eduardo Rasguido, esteve, na prefeitura de Sete Lagoas conversando com prefeito. Na oportunidade aproveitaram para reconhecer e destacar o empenho da Prefeitura Municipal nos programas de extensão rural que, inclusive, vem dando ao Estado e ao país um nível de excelência reconhecido internacionalmente.

O projeto desenvolvido pela prefeitura de Sete Lagoas é exemplo a ser seguido e divulgado. Agora mesmo você está pensando porque não fazer isso aqui na minha cidade, seria tudo de bom, não é! Como estamos em época de eleição vai aqui este exemplo para candidatos a vereadores e prefeitos buscarem e copiarem projetos eficientes que geram renda para famílias carentes, que melhora a qualidade de vida e acaba com terrenos ociosos nas cidades (Folhas e Gente).

Mais informações assita o vídeo http://www.youtube.com/watch?v=yix1iKT5qlE.

Fontes:

http://donossoquintal.wordpress.com/

http://www.emater.mg.gov.br/portal.cgi?flagweb=site_tpl_paginas_internas&id=5090

http://www.fpl.edu.br/2012/media/pdfs/05.mestrado/dissertacoes_2011/dissertacao_adriane_aparecida_paula_2011.pdf

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-05362011000300028&script=sci_arttext

http://setelagoas360.com.br/cotidiano/1-cotidiano/1810-comitiva-da-bolivia-conhece-projeto-da-horta-comunitaria-em-sete-lagoas.html

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