Ambientalistas
e o documento da Rio + 20 - ONGs criticam ‘enfraquecimento’ do documento
Movimentos Sociais e ONGs que participam da
Rio+20 criticaram a falta de ações e compromissos imediatos no esboço de
documento da conferência apresentado nesta terça-feira(18) e que será
submetido aos chefes de estado e de governos. As organizações consideram o
texto muito vago sem levar em conta a urgência dos atuais problemas.
O Greenpeace classificou como ‘patético’ o
documento que provocou muita discussão desde a semana passada nas reuniões
preparatórias da Rio+20. Em nota, a ONG afirma que o rascunho do documento pode
levar a Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável à um ‘fracasso épico’.
“A negociação que foi até às 3 horas é um texto
patético, uma traição, e é por isso que estamos chamando essa conferência não
de Rio+20, mas, talvez, de Rio menos 20”, diz a nota divulgada pela ONG
Já o seu diretor executivo, Marcelo Furtado,
destacou que a conferência tende a jogar a responsabilidade da preservação do
meio ambiente para a sociedade civil. Furtado advertiu que o texto final da
conferência elimina a esperança de por em prática o slogan da Rio+20: O futuro
que nós queremos.
Furtado sobre rascunho final:”Como indicador de um
caminho melhor para o mundo a Rio+20 está encerrada”
“A Rio+20, no sentido de indicador para um caminho
melhor para o mundo, está encerrada. É um retrocesso. Os temas que estavam em
pauta foram diluídos, o que resultou num enfraquecimento total”, atestou
Furtado.
“Os grandes interesses da indústria de combustíveis
fósseis falaram mais alto”, disse, complementando que, em comparação a outras
conferências sobre o meio ambiente, a Rio+20 representou uma regressão. “Jogou
fora metas firmadas em nome da burocracia internacional”.
O diretor-executivo do Greenpeace Internacional,
Kimi Naiddo, ressaltou que é preciso pensar “fora da caixa” para resolver os
problemas do mundo, e rever o modelo econômico atual, baseado apenas em “mais
mercados, mais produtos e mais dinheiro. Temos que fazer mais com menos”,
concluiu.
O porta voz da Aliança do Norte para a
Sustentabilidade (Anped), Leonardo Rocha, considerou o texto fraco e "um
desperdício” pelo potencial da conferência que mobilizou 193 chefes de estado.
Manifestações
no Rio + 20 - Ambientalistas
pedem veto ao Código Florestal, índios protestam no BNDES contra fundo de
investimento da Amazônia e mulheres com seios de fora reivindicam direitos...
O sexto dia da Rio+20 foi marcado por manifestações
pelas ruas da cidade. Em três atos públicos diferentes, ambientalistas, índios
e mulheres de seios de fora pararam o Centro da cidade nesta segunda-feira.
O protesto no final da tarde de segunda, o terceiro
do dia, foi de ONGs ambientalistas contra o Código Florestal. Empunhando faixas
e cartazes com críticas à presidente Dilma Rousseff, apitando e gritando
palavras de ordem contra o Novo Código Florestal, a construção da Usina de Belo
Monte e a política ambiental do governo federal, cerca de duas mil pessoas do
movimento organizado pelo Comitê Brasil em Defesa das Florestas — o mesmo que
liderou a campanha “Veta Dilma.
De maiô vermelho, short branco e um cocar de penas
coloridas, Estrela, de 5 anos, seguia à frente dos manifestantes. Junto com a
mãe, Siele Pontalti, de 30 anos, a menina rabiscava com giz o asfalto das
principais avenidas do Centro do Rio, como Rio Branco, Almirante Barroso e
Chile. Nascida na Espanha, mas morando no Xingu, a menina desenhava símbolos
pacifistas. Já a mãe escrevia frases de protesto contra a construção da Usina
de Belo Monte.
- Eu estou aqui porque quero ajudar o planeta e
defender os índios - disse a menina, que corria alegre pelas pistas da Rio
Branco em meio às motocicletas dos policiais militares do 5º BPM (Praça da
Harmonia) e do Batalhão de Choque.
Ativista da Etnia Planetária Institute, Sieli disse
que trouxe a menina ao Rio para lutar pelo futuro do planeta:- Nós, adultos,
não temos mais futuro. Mas temos que lutar por um mundo melhor para eles -
disse a moça.
Outra figura do protesto foi o Caio de Miranda, que
vestido como a presidente Dilma Roussef carregava um estandarte com o mapa do
Brasil. Em frente ao prédio do BNDES, na Avenida Chile, ele ateou fogo ao mapa
de papel.
Índios também marcharam no Centro nesta
segunda-feira
Após a marcha realizada por mulheres que também
participam da Cúpula dos Povos, índios contrários aos investimentos feitos pelo
BNDES em grandes empreendimentos na Amazônia, como hidrelétricas, que
contribuem para o desmatamento. O cacique Werakwaray, do Espirito Santo,
informou, por volta das 14h, que uma comissão de 12 indígenas conseguiu
negociar com autoridades do banco.
Quando os índios chegaram ao BNDES, seguranças
fizeram um cordão de isolamento na entrada principal do prédio. A porta do
edifício da Petrobras, do outro lado da rua, também foi fechada para evitar a
entrada dos manifestantes. O representante dos Arariboias, Bentilho Jorge,
disse que eles esperavam ser recebidos por algum representante do BNDES.
- A gente espera ser recebido pelas lideranças do
BNDES, pois precisamos protestar contra o Fundo Amazônia e a PEC 215, que se
for aprovada não vai permitir mais que sejam demarcadas nossas terras -
afirmou.
Em nota, o BNDES informou que os manifestantes se
reuniram com o vice-presidente da instituição, João Carlos Ferraz. Durante o
encontro, os representantes dos índios questionaram o impacto, em suas
comunidades, de projetos financiados pela instituição. Ficou acertada a
formação de uma comissão de cinco representantes indígenas, que será recebida
para uma nova reunião, provavelmente em julho, também na sede do BNDES. O
objetivo é que as lideranças e o banco elaborem uma agenda de trabalho
conjunta.
Mulheres também fizeram marcha pelo Centro do Rio
O nó no trânsito desta segunda-feira começou com
uma manifestação de mulheres da Cúpula dos Povos. Segundo organizadores do
evento, cerca de 5 mil mulheres de 60 organizações participaram da
manifestação. Muitas, inclusive, desfilaram com os seios de fora. A Polícia
Militar, entretanto, ainda não informou o número de protestantes. Outros
movimentos populares juntaram ao protesto.
De acordo com uma das organizadoras da Marcha das
Mulheres e representante da Via Campesina, Adriana Mesali, o objetivo era
chamar atenção para a reivindicação dos movimentos e atenção do governo.
Rio + 20
começa oficialmente
O secretário-geral da ONU,
Ban Ki-moon, abriu oficialmente nesta quarta-feira a Conferência da ONU para o
Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, onde líderes globais deverão discutir
durante três dias propostas para a erradicação da pobreza paralelamente à
defesa do meio ambiente.
"Vinte
anos depois, temos outra chance (...). Não a desperdiçaremos", pediu Ban
Ki-moon.
Em
torno de 191 membros da ONU e 86 líderes globais participam da conferência.
O
evento ocorre 20 anos depois da Rio 92, na qual os países participantes
concordaram em combater as mudanças climáticas, entre outros pontos.
"Estou
satisfeito de que as negociações tenham chegado a uma conclusão satisfatória e
cumprimento a Presidência do Brasil por facilitar esse resultado. Um acordo
histórico está a nosso alcance", disse Ban Ki-moon.
"O
mundo está nos observando para ver se as palavras se traduzem em ações, como
sabemos que deve ocorrer. A Rio+20 não é um final, é um começo. É hora de que
todos pensemos globalmente e a longo prazo, começando aqui no Rio, porque o
tempo não está do nosso lado", completou.
"Não
tenho dúvida de que estaremos à altura dos desafios que a situação global nos
impõe", disse a presidente Dilma Rousseff, ao assumir a chefia da
conferência.
O
encontro começou com a exibição de um curta-metragem de três minutos chamado
"Bem-Vindos à Antropocena", com imagens dramáticas sobre as mudanças
no meio ambiente desde a Revolução Industrial.
Nesta
quarta-feira, os principais bancos de desenvolvimento do planeta anunciaram,
paralelamente ao evento, um pacote de 175 bilhões de dólares para apoiar o
transporte sustentável em países em desenvolvimento.
"Estão
aqui para salvar sua imagem ou nos salvar?", perguntou aos líderes globais
Brittany Trifold, uma neozelandesa de 17 anos, que com uma mensagem aos líderes
buscou alertá-los a tomar ações concretas que beneficiem a humanidade no longo
prazo.
Cerca
de 191 discursos devem ocorrer até a sexta-feira, quando os líderes encerrarão
a conferência dando seu parecer sobre o documento de 53 páginas fechado pelos
negociadores na terça-feira.
O
rascunho propõe medidas para combater os problemas ambientais do planeta e
tirar bilhões de pessoas da pobreza por meio de políticas que também preservem
as fontes naturais.
Uma
das questões mais polêmicas discutidas no documento são as medidas propostas
para promover a economia verde e os "Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável" que devem substituir as Metas do Milênio da ONU após elas
expirarem, em 2015.
Connie
Hedegaard, comissária europeia para a Mudança Climática, disse que a Europa
pediu um texto mais ambicioso.
"Acredito
que muitos europeus, incluindo os ministros, a presidência, a comissão,
brigaram por mais ambição, por mais compromissos, mais prazos", disse à
AFP.
"Não
conseguimos tudo o que queremos, mas buscamos progresso."
Ativistas
de defesa do meio ambiente expressaram seu ceticismo em relação ao rascunho.
"Não
há nada para as pessoas e o meio ambiente", disse à AFP Daniel Mittler,
diretor do Greenpeace International.
Os
líderes, incluindo o presidente francês, François Hollande, o presidente
sul-africano, Jacob Zuma, e os primeiros-ministros da Índia, Manmohan Singh, e
da China, Wen Jiabao, também participam da conferência.
Mas
as ausências mais relevantes são do presidente americano, Barack Obama, do
premiê britânico, David Cameron, e da chanceler alemã, Angela Merkel.
"Meu
nome é Brittany Trilford, tenho 17 anos e sou uma criança. Hoje, nesse momento,
sou todas as crianças, uma das 3 bilhões do planeta", disse com firmeza
esta blogueira neozelandesa, convidada a falar na cerimônia de abertura da
cúpula, aos 86 chefes de Estado e de governo.
Brittany
repetiu assim o apelo feito por Severn Suzuki na Rio-92.
"A
próxima geração pede mudança, ação, para que possamos ter um futuro. Confiamos
em vocês", afirmou.
"Vocês
têm 72 horas para decidir o destino de nossas crianças, dos meus filhos, dos
filhos dos meus filhos. O cronômetro está contando, tic, tac, tic, tac",
enfatizou a jovem, dirigindo-se aos 191 governos participantes da conferência
que definirá os rumos do planeta no desenvolvimento sustentável e da qual se
esperam medidas para preservar o meio ambiente e lutar contra a pobreza.
Fontes:
http://veja.abril.com.br/noticia
http://oglobo.globo.com/rio/manifestacoes-nas-ruas-do-centro-marcam-sexto-dia-da-rio20-5237067
Nenhum comentário:
Postar um comentário