Um cenário sobre a relação FOLHAS (natureza) e GENTE (homem) na divulgação do conhecimento e da informação, nas experiências individuais ou coletivas e na educação ambiental, a fim de contribuir para a socialização do cidadão, instigar o debate e as manifestações em defesa do meio ambiente.
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
A Problemática dos Cemitérios e seu Impacto no Meio Ambiente
À semelhança dos aterros sanitários, os cemitérios também geram efluentes líquidos potencialmente perigosos para o aquífero livre (“lençol freático”). O chorume dos cemitérios foi denominado de “necrochorume”, em 1986, por ocasião da elaboração da norma CETESB – L.1040.
O necrochorume, conforme pesquisa nacional realizada em 1.108 cemitérios entre 1970 a 2012, é um líquido mais denso e viscoso que a água, coloração acinzentada a acastanhada, odor fétido, muito solúvel em água (polimerizável), constituído geoestaticamente por 60% de água, 30% de substâncias inorgânicas e 10% de substâncias orgânicas biodegradáveis (cadaverina, putracina, mercaptanas, etc.). É exsudado intermitentemente pelos cadáveres em decomposição, na fase coliquativa do período putrefativo, a razão média de 167,00 mL/dia (“quantum diário”), perfazendo um volume total médio de 30,00L/6-8 meses para cadáveres adultos do biótipo brasileiro (70/80 kg de peso).
Os “quantum” diários secam em aproximadamente 10,04 horas, reduzindo-se a um pó esbranquiçado, mineralizável, inertizado. Se a secagem natural processar-se no âmbito intrajazigos, não constituem impactos negativos ao meio geológico. Caso extravasem das sepulturas, podem aportar no lençol freático raso ou então secarem de permeio a massa do solo, formando maçarocas.
Tais maçarocas do pó residual da secagem do necrochorume (“necropó”) podem ser remobilizados paulatinamente pelas águas pluviais infiltradas no solo, aprofundando-se até atingirem os lençóis freáticos subjacentes, carreando vetores microbiológicos sobreviventes, em especial, os vírus (as bactérias geralmente têm sobrevivência limitada, pois não tem a capacidade dos vírus de permanecerem latentes).
Dentro da filosofia do gerenciamento ambiental sustentável das necrópoles, a sua implantação deverá sempre ser objeto de um estudo hidrogeo-ambiento-sanitário prévio, onde serão avaliadas as condições do meio geológico local, a profundidade dos aquíferos freáticos, a depurabilidade natural do maciço pedológico, etc. Além disso, o projeto e a construção das sepulturas deverão ser adequadas, garantindo condições internas de trocas gasosas (“efeito pulmão”), lajes para contenção do necrochorume, etc. A rotina operacional deve incluir a utilização de substanciais oxidantes apropriados (“necroxidantes”) com finalidade antissépticas, capazes de neutralizar o liquame funerário retido nas contenções citadas.
Como resultado da pesquisa nacional já mencionada, complementada por atuações em 105 cemitérios no Exterior, desenvolveram-se duas tecnologias inovadoras: a utilização de mantas delgadas para absorção, secagem catalisada e neutralização bioquímica e microbiológica do necrochorume (“necronetes”), e a desinfecção e assepsia do subsolo dos cemitérios por injeções gravitacionais de soluções aquosas de necroxidantes poderosos combinados para saneá-lo.
A utilização paralela dos necroxidantes pulverulentos desenvolvidos, se utilizados intracaixões, em contato mais íntimo com os corpos, promove a catalisação da decomposição, abreviando o período de tempo requerido para a putrefação (média de 2,71 anos para os cadáveres adultos do biótipo brasileiro).
Tal fato é relevante, no sentido de favorecer as exumações seguras (cadáveres totalmente decompostos, até os chamados “ossos limpos”) e, consequentemente, garantir as sepulturas para reutilização, tanto em cemitérios particulares quanto em cemitérios públicos (sempre às voltas com o problema do esgotamento das sepulturas disponíveis e a consequente redução da capacidade de sepultamento).
Autor: Prof. Dr. Lezíro Marques-Silva, Hidrogeólogo.
Colaboradores:
Alexandre Rodrigues Toccheton, Químico.
Letícia Rodrigues Mateo, Bióloga.
Lezíro Marques-Silva Jr., Gestor Ambiental.
Foto: http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default2.jsp?uf=2&local=18&source=a2955016.xml&template=4187.dwt&edition=14999§ion=2003
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