A Royal
Society diz em relatório que o Planeta não é sustentável sem controle do
consumo e população
O consumo
excessivo em países ricos e o rápido crescimento populacional nos países mais
pobres precisam ser controlados para que a humanidade possa viver de forma
sustentável.
Trem na Índia
A
conclusão é de um estudo de dois anos realizado por um grupo de especialistas
coordenados pela Royal Society (associação britânica de cientistas).
Entre as
recomendações feitas pelos pesquisadores, estão a disponibilização de um planejamento
familiar à todas as mulheres, o abandono da utilização do PIB como um
indicativo de saúde econômica e a redução do desperdício de comida.
O
relatório da associação será um dos referenciais para as discussões da Rio+20,
cúpula que acontecerá na capital fluminense entre os dias 13 e 22 de junho.
"Este
é um período de extrema importância para a população e para o planeta, com
mudanças profundas na saúde humana e na natureza", disse John Sulston,
presidente do grupo responsável pelo relatório. O cientista ganhou renome
internacional ao liderar a equipe britânica que participou do Projeto Genoma
Humano e por ganhar, em 2002, o Nobel de Medicina, junto com outro perquisador.
"Para
onde vamos depende da vontade humana - não é algo predestinado, não é um ato de
qualquer coisa fora (do controle) da humanidade, está em nossas mãos",
afirmou.
CONTROLE
FAMILIAR
Segundo a
projeção "média" da ONU, a população do planeta, atualmente com 7
bilhões de pessoas, atingiria um pico de pouco mais de 10 bilhões no final do
século e depois começaria a cair.
"Dos
três bilhões extra de pessoas, a maioria virá dos países menos
desenvolvidos", disse Eliya Zulu, diretora executiva do African Institute
for Development Policy (Instituto Africano para Políticas de Desenvolvimento),
em Nairóbi, no Quênia. "Só na África, a população deve aumentar em 2
bilhões".
"Temos
de investir em planejamento familiar nesses países. Desta forma, damos poder às
mulheres, melhoramos a saúde da criança e da mãe e damos maior oportunidade aos
países mais pobres de investir em educação".
O
relatório recomenda que nações desenvolvidas apoiem o acesso universal ao
planejamento familiar - o que custaria US$ 6 bilhões por ano, de acordo com o
estudo.
Se o
índice de fertilidade nos países menos desenvolvidos não cair para os níveis
observados no resto do mundo - alerta o documento - a população do planeta em
2100 pode chegar a 22 bilhões, dos quais 17 bilhões seriam africanos.
PASSANDO
DOS LIMITES
O
relatório diz que a humanidade já ultrapassou as fronteiras planetárias
"seguras" em termos de perda de biodiversidade, mudança climática e
ciclo do nitrogênio, e está sob risco de sérios impactos futuros.
Segundo a
Royal Society, além do planejamento familiar e da educação universal, a
prioridade deve ser também retirar 1,3 bilhão de pessoas da pobreza extrema.
Eliminar
o desperdício de comida, diminuir a queima de combustíveis fósseis e substituir
economias de produtos por serviços são algumas das medidas simples que os
cientistas sugerem para reduzir os gastos de recursos naturais sem diminuir a
prosperidade de seus cidadãos.
"Uma
criança no mundo desenvolvido consome entre 30 e 50 vezes mais água do que as
do mundo em desenvolvimento", disse Sulston. "A produção de gás
carbônico, um indicador do uso de energia, também pode ser 50 vezes
maior".
"Não
podemos conceber um mundo que continue sendo tão desigual, ou que se torne
ainda mais desigual".
Países em
desenvolvimento, assim como nações de renda média, começam a sentir o impacto
do excesso de consumo observado no Ocidente. Um dos sintomas disso é a
obesidade.
PIB
A
pesquisa diz também que é fundamental abandonar o uso do PIB como único
indicador da saúde de uma economia. Em seu lugar, afirma que os países precisam
adotar um medidor que avalie o "capital natural", ou seja, os
produtos e serviços que a natureza oferece gratuitamente.
"Temos
que ir além do PIB. Ou fazemos isso voluntariamente ou pressionados por um
planeta finito", diz Jules Pretty, professor de meio ambiente e sociedade
na universidade de Essex, no Reino Unido.
"O
meio ambiente é de certa forma a economia... e você pode discutir
gerenciamentos econômicos para melhorar as vidas de pessoas que não prejudique
o capital natural, mas sim o melhore", completa.
O
encontro do Rio+20 em junho deve gerar um acordo com uma série de "metas
de desenvolvimento sustentável", para substituir as atuais metas de
desenvolvimento do milênio, que vem ajudando na redução da pobreza e melhoria
da saúde e educação em países em desenvolvimento.
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