Análise apresentada nesta
quarta-feira (29), em evento da Frente Parlamentar Ambientalista, na Câmara dos
Deputados, jogou na balança das discussões sobre o projeto de reforma do Código
Florestal o poderio econômico do agronegócio e suas demandas por infraestrutura
e menos proteção ambiental.
Doutora em Geografia pela
Universidade de São Paulo (USP), Regina Araújo ponderou que o superávit do
modelo agrícola exportador nacional parece blindar a economia interna de crises
econômicas globais cada vez mais comuns. Levando assim a um cenário onde
governos seriam aparentemente obrigados a ceder a suas exigências crescentes
por estradas, portos e ferrovias, bem como pelo desmanche da legislação
ambiental brasileira.
“Nossas leis ambientais estão em
construção desde a década de 1930, e até agora não provocaram nenhum
impedimento ao espantoso crescimento do agronegócio”, lembrou a pesquisadora. O
Brasil é hoje o segundo maior exportador individual de produtos agrícolas, logo
atrás dos Estados Unidos e da União Europeia.
“Essa conquista não é exclusiva
do setor, mas do conjunto da sociedade brasileira, que bancou com subsídios e
créditos anos de pesquisa e desenvolvimento”, ressaltou.
Observando o bloco econômico
europeu, Regina também comentou que lá a agropecuária foi estruturada em
pequenas e médias propriedades. Bem diferente do modelo concentrador de terras
e renda focado em produzir commodities de exportação e não alimentos para
chegarem à mesa dos brasileiros.
Sete em cada dez quilos de soja
produzida no Brasil são processados por apenas nove empresas, e destas cinco
são transnacionais: ADM (Estados Unidos), Cargill (Estados Unidos), Bunge
(Holanda), Louis Dreyfus (França) e Grupo Noble (Cingapura).
Avançando há décadas sempre para
onde a terra é “mais barata” e a infraestrutura é precária, setores atrasados
do agronegócio pautam governos incessantemente com exigências por asfaltamento
de estradas, construção de portos e outras obras embaladas em pacotes como o do
PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
“Mas a sociedade ainda não
entendeu a extensão e os reais custos desses projetos, quase sempre destinados
a atender demandas setoriais e não aos interesses reais e de longo prazo do
país. O país não pode seguir como refém de um modelo perverso de produção e
exportação que despreza nossas riquezas socioambientais”, disse Regina Araújo.
fonte:
PortoGente
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