O Protocolo de Montreal entrou em vigor em 1989, e
ficou famoso por banir os CFCs (clorofluorocarbonetos) e os HCFCs
(hidroclorofluorocarbonos), que destroem a camada de ozônio.
Esses gases foram então substituídos pelos HFCs
(hidrofluorocarbonetos), que se acreditava serem benéficos ou, no mínimo,
inertes em relação à camada de ozônio em particular e ao meio ambiente em
geral.
Contudo, demonstrando os riscos a que o planeta
está sujeito com experimentos de geoengenharia, agora os próprios cientistas estão pedindo um controle
sobre o uso também dos HFCs.
Estes produtos químicos que ajudaram a resolver uma
crise ambiental global na década de 1990 - o buraco na camada de ozônio da
Terra - podem estar causando outro problema ainda pior - a chuva ácida.
A conclusão é de um estudo sobre os compostos
químicos que substituíram os clorofluorocarbonos (CFCs), produtos químicos que
eram usados em condicionadores de ar, geladeiras, latas de spray e
outros produtos, e que foram banidos mundialmente por danificarem a camada de
ozônio.
Super efeito estufa
O grupo de cientistas das universidades Purdue,
Flórida e Arkansas, todas nos Estados Unidos, destacam que os HCFCs
(hidroclorofluorocarbonos) surgiram como substitutos do CFC porque eles não
danificam a camada de ozônio.
No entanto, estudos posteriores sugeriram a
necessidade de um substituto para os substitutos, mostrando que os HCFCs agem
como super gases de efeito estufa, 4.500 vezes mais potentes do que o dióxido
de carbono.
Chuva ácida
O novo estudo vem acrescentar outro item a estas
preocupações, levantando a possibilidade de que os HCFCs podem se quebrar na
atmosfera para formar o ácido oxálico, um dos vilões da chuva ácida.
Os cientistas usaram uma modelagem por computador
para mostrar como os HCFC podem formar o ácido oxálico por meio de uma série de
reações químicas que ocorrem na alta atmosfera.
O modelo, afirmam eles, pode ter usos mais amplos,
ajudando a determinar se os candidatos a substituto dos substitutos são
ambientalmente benignos antes que os fabricantes gastem bilhões de dólares em
sua fabricação e comercialização.
Ponto contra
Os efeitos colaterais das manipulações humanas do
clima são o principal argumento dos cientistas que se opõem a experiências de geoengenharia, cujo principal objetivo
é fazer grandes intervenções com vistas a frear o aquecimento global.
Recentemente, um estudo mostrou que a manipulação
intencional da radiação solar - um dos métodos defendidos para diminuir o calor
do Sol que atinge a Terra e, com isso, diminuir o aquecimento global - também
criaria problemas para o ciclo global da água.
Força radioativa
Uma equipe internacional de cientistas, que inclui
o Prêmio Nobel de Química Mario Molina, concluiu que o Protocolo de Montreal
trouxe inúmeros benefícios não-intencionais para o meio ambiente, incluindo a
redução da emissão de mais de 10 bilhões de toneladas de CO2.
Contudo, eles afirmam temer que esses benefícios
possam ser logo jogados fora pelas emissões de HFCs, que estão crescendo a
taxas entre 10 e 15% ao ano. "A contribuição dos HFCs para as mudanças
climáticas pode ser vista como um efeito colateral negativo do Protocolo de
Montreal," afirmam.
A força radioativa - uma medida do efeito de
substâncias químicas sobre o clima - dos CFCs tem permanecido constante em 0,32
W/m2, graças ao seu banimento. Mas os HFCs já atingiram 0,012 W/m2 e, segundo
os cientistas, poderão alcançar entre 0,25 e 0,4 W/m2 em 2050 - para
comparação, o CO2 tem uma força radioativa de 1,5 W/m2.
O maior problema são os chamados HFCs saturados,
que podem sobreviver na atmosfera por até 50 anos.
A sugestão dos pesquisadores é que o Protocolo de
Montreal seja modificado para incluir essas substâncias, evitando assim toda
uma nova rodada de negociações em nível mundial.
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