Seriamos um vírus?
“Nós não passamos de seres insignificantes,
somos um mero vírus habitando o planeta Terra…”
Será que
este é o destino de toda humanidade, destruirmos o ser que nos proporciona a
vida, sustenta nossas loucuras, nos alegra todas as manhãs com a beleza do
amanhecer, e acalenta o coração dos apaixonados todas as noites com sua
paisagem estrelada?
(…) as
atitudes de um homem revelam seus valores…
(…)
conhecemos as pessoas não pelo que dizem, e sim, por seus atos e atitudes…
(…) o que
você plantar hoje, colherá amanhã…
Três
mantras que guiam minha vida, e acredito que a de muitos.
Mas mesmo
assim, questiono minhas atitudes, e o que não dirá as atitudes dos outros.
É sempre fácil julgar. Em Dostoievski aprendi que somos maus por natureza.
Nossos valores são conturbados e nebulosos. Somos capazes de tudo por nada. Nas
religiões aprendi o contrário, que somos capazes de mudanças, basta um punhado
de esperança e fé, e tudo se resolve. Contudo a frase inicial perturba meus
pensamentos. Sabe aquelas coisas que ouvimos e não saem da mente por nada, pois
é, assim estou.
Vamos
ordenar essa bagunça então.
Somos
seres que vivemos em sociedade, construímos juntos e destruímos juntos tudo o
que possa se imaginar. Somos um conjunto de indivíduos!
Humm!
Acho que achei um problema.
Conjunto
de indivíduos, isso quer dizer que pensamos individualmente, e agimos
coletivamente. Não seria melhor pensarmos coletivamente e agirmos
individualmente?
Nossa!! O
que estou dizendo! Não estou ordenando nada, só estou fazendo mais bagunça.
Pois é,
assim somos nós, vivemos em ilhas, acreditamos que tudo aquilo que fazemos irá
afetar a nós mesmos, não conseguimos perceber que toda ação tem uma reação, e
ela afeta todos os corpos em questão. Aprendi isso na escola, Newton me contou…
Continuemos…
então tudo o que fazemos nos afeta, e aos outros também. Aposto que você
pensou, mas se eu fizer uma fogueira em minha ilha pessoal, espere, melhor
ainda, se eu ligar minha lancha, que está ancorada em minha ilha pessoal, como
poderia incomodar outro ser que também está em sua ilha, a kilometros de
distância de mim. Ele nem mesmo sabe que liguei minha lancha, não tem como
ouvir nem um ruído sequer. Impossível, posso até incomodar meu vizinho, mas esse
outro ser seria impossível!
É aí que
nos enganamos, meu vizinho distante, não ouve e nem sabe talvez que eu exista,
mas os gases que minha lancha emite enquanto funciona, afetarão o clima, que
por sua vez afetará a plantação de maças de meu distante vizinho, que por sua
vez talvez deixe de plantar maças e tenha que mudar toda sua alimentação…
Coitado
desse Newton, ele errou, o meu vizinho não está em contato comigo direto e é
afetado por minha ação. Assim pensamos, só enxergamos alguns metros ao nosso
redor, nosso raio de visão só consegue perceber a nossa própria ilha, e a de
nossos vizinhos é claro, que é muito melhor que a nossa!
Mas se
começamos a afastar nosso foco sobre essa ilha, veremos que existem milhares
delas, uma ao lado da outra. Todas em conjunto, uma verdadeira sociedade de
ilhas.
E Newton
não estava errado, ele está certo, estamos juntos, e juntos agimos e reagimos.
Então por
que agimos individualmente e não coletivamente. A lógica econômica vigente
explica isso, mas isso é tema para outro texto…
Voltemos
ao início, àquela bendita frase. Realmente nos tornamos um vírus então, não
pensamos e nem mesmo enxergamos o que está ao nosso redor, vivemos sozinhos,
consumimos tudo o que nos interessa, até que se esgotem as possibilidades e
tenhamos que mudar de ilha, e avançar sobre a ilha vizinha, onde o mais forte
prevalecerá, e o fraco cairá.
Não
percebemos que no fim de tudo, não somos ilhas, e sim grãos de areia, e juntos
somos a Terra.
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